domingo, 13 de novembro de 2011

Poema do amor oculto

Se me amas, ama-me para si,
pelo menos por enquanto.
O amor é deste sentimentos
cuja razão jamais se conhece.
Por isso guarda teu amor por mim
no fundo de uma gaveta.
E assim quando eu insuspeito,
de repente adentrar teu quarto,
tu me revela-o entre teus seios.
E assim ele estará tão somente
entre mim e ti bem aquecido,
longe dos olhos de inveja,
dos outros.



Bruno Camargo

sábado, 10 de setembro de 2011

Soneto XLIV - de Pablo Neruda na voz de Amaia Montero

Saberás que não te amo e que te amo
posto que de dois modos é a vida,
a palavra é uma asa do silêncio,
o fogo tem uma metade de frio.
Eu te amo para começar a amar-te,
para recomeçar o infinito
e para não deixar de amar-te nunca:
por isso não te amo ainda.
Te amo e não te amo como se tivesse
em minhas mãos as chaves da fortuna
e um incerto destino desafortunado.
Meu amor tem duas vidas para amar-te.
Por isso te amo quando não te amo e por isso te amo quando te amo.
Tradução de Maria Teresa Almeida Pina

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Amai

Amai a vida
em suas faces
em suas cores
na latência de uma felicidade
ou de uma tristeza

Amai em cada amor

segunda-feira, 3 de maio de 2010

O enigma


Como diria a esfinge para Édipo:
 ''Decifra-me ou eu te devoro!''
 Você nunca me conhecerá por completo por mais que queira!
Eu sou mais complexo que as leis que regem a vida e o Universo
Por isso tudo o que te impressionou até agora
a mim não me causa nem um pouco de espanto.
Sou como o sol quando chega no deserto
que traz consigo medo e insegurança.
Sou como o teu desejo mais profundo de se libertar do que te prende
Eu sou ''Karma'' eu sou sina
Quem me segue se perderá nas trevas e não encontrará jamais a luz
por que não há em mim começo e nem fim
para mim tudo é ínfinito...
Fala-me das horas passageiras,
para mim as horas são meras criações humanas para nomear um tempo sem nome
tudo o que existe tem sua própria natureza e segue no seu próprio ritmo:
o ritmo das coisas infinitas.
Porém nada é igual todos os dias, é o mesmo mas não é igual
pois ''tudo fluí, nada persiste''
Assim o rio da vida vai seguindo seu curso
as margens plácidas de um vale silencioso de neblinas.
E eu aqui continuo sentado nesta pedra a escutar o som da vida;
não descanço, nem repouso...só espero.

sábado, 1 de maio de 2010

Ode ao amor

Amor...
Teu sofrimento é o melhor a ser vivido
pois se não se sofre não te tem
e se sofre sonha em ser correspondido.

Já te cantava Camões em sua nau
rumando para terras tão distantes
dizia que eras uma ferida
entretanto a dor não se sentia.

Hoje digo que és loucura desmedida
e em teu peito eu repouso entorpecido
e sei que perderei-me em seus cabelos
e morrer em teu colo, adormecido.

Bruno Camargo.

domingo, 11 de abril de 2010

Amor, quantos caminhos até chegar a um beijo,

que solidão errante até tua companhia!

Seguem os trens sozinhos rodando com a chuva.

Em taltal não amanhece ainda a primavera.

Mas tu e eu, amor meu, estamos juntos,

juntos desde a roupa às raízes,

juntos de outono, de água, de quadris,

até ser só tu, só eu juntos.

Pensar que custou tantas pedras que leva o rio,

a desembocadura da água de Boroa,

pensar que separados por trens e nações

tu e eu tínhamos que simplesmente amar-nos

com todos confundidos, com homens e mulheres,

com a terra que implanta e educa cravos.



 Pablo Neruda

domingo, 14 de março de 2010

Reencontro com si mesmo

Quando no leito eu estiver contigo
beijando seu dorso e afagando seus cabelos
eu me lembrarei do dia em que te vi
e a desejei secretamente em meu pensamento.
Eu ansearei ver mais uma vez seu íntimo
e invadir sem permissão a sua alma
para dentro dela voltar a ser menino

Bruno Camargo

A morada


Não existe melhor lugar
para que seu corpo esteja
do que sobre o meu
Porque eu me alimento da sua pele
e respiro do odor de seus cabelos.

Assim serei tal qual um parasita
que se aloja e desfruta do hospedeiro
para com ele viver a mesma vida.

Bruno Camargo

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Amtologia (Manuel Bandeira)


A vida
Não vale a pena e a dor de ser vivida
Os corpos se entendem mas as almas não.
A única coisa afazer é tocar um tango argentino.

Vou-me embora p'ra Pasárgada!
Aqui eu não sou feliz.
Quero esquecer tudo:
-A dor de ser homem...
Este anseio infinito e vão
De possuir o que me possui.

Quero descançar
Humildemente pensando na vida e nas mulheres que amei...
Na vida inteira que podia ter sido e não foi.

Quero descançar
Morrer.
Morrer de corpo e alma.
Completamente.
(Todas as manhãs o aeroporto em frente me dá lições de partir.)

Quiando a indesejada das gentes chegar
Encontrará lavrado o campo, a casa limpa,
A mesa posta,
Com cada coisa em seu lugar.

Oração ''à la Cuba'' e opinião sobre Fidel



''E juro ser Fidel na alegria e na tristeza na saúde e na doença, para todo e sempre...''

''Para os cubanos que amam Fidel (se é que eles existem), o ditador é um fidelíssimo amigo que odeia infidelidades.''