domingo, 28 de fevereiro de 2010

Amtologia (Manuel Bandeira)


A vida
Não vale a pena e a dor de ser vivida
Os corpos se entendem mas as almas não.
A única coisa afazer é tocar um tango argentino.

Vou-me embora p'ra Pasárgada!
Aqui eu não sou feliz.
Quero esquecer tudo:
-A dor de ser homem...
Este anseio infinito e vão
De possuir o que me possui.

Quero descançar
Humildemente pensando na vida e nas mulheres que amei...
Na vida inteira que podia ter sido e não foi.

Quero descançar
Morrer.
Morrer de corpo e alma.
Completamente.
(Todas as manhãs o aeroporto em frente me dá lições de partir.)

Quiando a indesejada das gentes chegar
Encontrará lavrado o campo, a casa limpa,
A mesa posta,
Com cada coisa em seu lugar.

Oração ''à la Cuba'' e opinião sobre Fidel



''E juro ser Fidel na alegria e na tristeza na saúde e na doença, para todo e sempre...''

''Para os cubanos que amam Fidel (se é que eles existem), o ditador é um fidelíssimo amigo que odeia infidelidades.''

Balada do lunático no telhado


Olhem!Tem um lunático no telhado!
Não tira os olhos do alto
será que conta as estrelas
ou quer afagar o céu?!

-Traz São Jorge seu dragão,
amarrado na coleira
e faz com que suas chamas
acompanhem as estrelas!

Está lá ainda o lunático
com seus olhos de menino
como se contemplasse seu brinquedo
ou adivinhasse seu destino.

''Desse daí seu maluco-
diz o senhor com sua bengala
-se quebrar uma telha minha
juro que lhe parto a cara!''

Mas o lunático não responde
tem seu rosto voltado pro céu
vendo a lua rodando formosa
tal qual um belo carrossel.

Bruno Camargo

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Ode a minha morte


Quando findar minha vida
o eterno ser se levantará
e minha alma livre do corpo
vagará livre pelas campinas

Quando livrar-se do corpo a minha alma
tudo o que era novo,velho se tornará
e o eterno nascerá
e alegrar-se-a em meu ser a nova vida


Quando alegrar-se minha vida
a rosa fenecida
que representa meu corpo que já não existe
no chão dormirá o sono eterno
na sua fria lápide de pedra.

Bruno Camargo

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

A verdadeira história da criação

Um dia chamou Deus os seus anjos e lhes disse:
-Meus caros, vim informa-lhes de que decidi voltar a minha arte.E irei começar ainda hoje.O mundo que criei parece-me tão perfeito mas,falta-lhe algo.Por favor, tragam- me a melhor matéria prima que encontrarem e voltem aqui para observar.
E Fizeram os anjos como Deus havia lhes pedido.Então Deus começou a esculpir uma figura curvelínea e delicada até que um dos anjos interrompeu-lhe e disse:
-Senhor isso é perfeito, só a sua mente magnífica para criar isso.
E Deus responde-lhe:
-Isso meu caro se chamará mulher e cada parte de seu corpo será uma fortaleza.Vês isso, são seus seios eles amamentarão os outros seres humanos que deixaram aqui suas mágoas.
-E isso Senhor.O que é? - disse o anjo.
-Isso são olhos.Eles despertarão paixão naquele que neles se fixarem.E também jorrarão águas quando elas estiverem tristes.
-Mas quem deixará tão nobre ser entristecido?- perguntou curioso o anjo.
-Aqueles que nascerem desta parte.Este é a abertura do seu ventre e daqui sairam aqueles que a farão chorar.
-Senhor, e o que faremos com as sobras de material - falou um outro anjo.
Deus olhou admirado para o anjo e feliz lhes disse:
-Faça-mos o homem e este será o companheiro deste tão maravilhoso ser.

Texto escrito por Bruno Camargo.